terça-feira, 24 de maio de 2011

Último post

Estes últimos meses escrevendo para A Menina e o Astronauta foram aliviadores pra mim. Contei dos meus dias de angústia, da solidão que invadiu um peito já vazio. Escrevi delicadezas para amigos, que com suas histórias de amor coloriam as minhas páginas de palavras. No último dia 21 de maio, completaram exatos 365 dias de um motivos para eu esvair com a minha caixa de palavras gastas quando a tristeza mal cabe numa dor. Talvez fosse a Lua em Aquário, o Sol brilhando em Gêmeos, as pequenas metamorfoses, sorrisos, novas vontades, músicas, amigos que tomaram um espaço na minha alma que pediu, “por favor, feche de vez estas cicatrizes. Essa é a hora”.
Tá na hora de fechar um ciclo. Por este motivo, vou mudar de “casa”. Me encontram neste novo endereço: Casa Pré-Fabricada.
Aos que estiveram comigo por aqui, acompanhem-me por lá também. 

:*
Nara Gonçalves.


segunda-feira, 16 de maio de 2011

—diz pra mim cadê você.





—Astronauta diz pra mim cadê você, Bailarina não consegue mais viver.
(A bailarina e o Astronauta, Tiê)

—Olha pro céu, como se seu pedido fosse viajar anos-luz, atravessar cidades, cortar as estradas, fazer existir carinho dentro da distância. Imaginou, ela, ele, os dois, naquele devaneio, sonho que se repetia sempre, que existia dentro do peito dela, e que não podia ser contado em dicionários, fábulas, nem longos diálogos, devia ser vivido.  Esse devaneio que quase diluía com os quilômetros que sobravam. Mas tinha também a esperança, que se misturavam as estrelas. Escolheu a mais bonita para contar um segredo, quem sabe ele também escute. Sussurrou para a noite: tô com saudade.
Nara Gonçalves.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Clarice, uma vírgula, dois pontos:

Ao som do Silêncio.


Clamar. Clandestina. Claridade. Clarice.
Tinha alguma coisa naqueles olhos que pedia com clemência que por favor, não me dê respostas. Mas ninguém havia de fazer isto. Afinal ela era Clarice.
Descobri o sentido de sentir. E cheguei aos buracos da alma com palavras que lado a lado transformaram aquela palavra maior, que consta em dicionários e gramáticas, mas que é mais que um substantivo bonito: amor. Ela fez sarar as angústias das tardes inquietantes, quentes, tardes que floresciam junto com amores, saudades, choros.
Me fez abrir sorrisos, confundir o peito, enfrentar noites sem estrelas, chorar ininterruptamente e compreender não compreendendo. Fez-me descobrir no meu coração de menina-mulher uma Lory, Macabéa, Ana e Clarice. Porque a gente nunca deixa de ser menina e não chega a ser totalmente mulher. Porque recomeçamos a ser nós mesmas todos os dias, sempre. E isso sempre dói.
  Nara Gonçalves

sábado, 30 de abril de 2011

Abril.


I'm dancing barefoot
Heading for a spin
Some strange music draws me in
Makes me come on like some heroine
(Dancing Barefoot, Patti Smith)

(—café, cadernos, livros velhos, analgésicos, canções. Pagu indignada no palanque, que tentou ser metade do inteiro que sentia. Envelopes e cartões postais, P. Smith, Clarice, clarear o coração. Abraços, distâncias que fizeram espaços no dia, Woody Allen, London, London, vinil. Meu coração, não sei por que bate feliz quanto te vê. Menina legionária e um tal de Russo, que já fazia parte dela antes e pra sempre. Cinema, mais canções e textos tortos. Blues, guitarras, Elis. Color my life with chaos of trouble. Acender sorrisos, apagar tristezas. Uma menina que mora longe, mas escreve tão perto da alma. Fotografias, fitas, all star, bebida doce, travesseiro com gosto de lágrimas.  Aqueles “nós dois” com gosto de um só. Caio F., The Smiths, Doors, até mesmo o Cash. Abril me escorreu pelos braços em fuga.

domingo, 17 de abril de 2011

Libert.ar



(—não to usando dos meus sentimentos pra contar estas últimas histórias. Desculpas.)
Foi o tempo sem palavras, a saudade acumulada, a vontade de alguém no breve espaço do ser. Os planos certos que viraram caos dentro do espaço que chamava de mim. Foram as fugas, os sorrisos gastos, as lágrimas que eu deixei nas bordas dos cadernos que manchavam as palavras doces escritas antes das noites de angústia.
Ficaram espaços, respostas que não precisavam ser dadas, pois eram lidas nos olhos. Mas teve também por do sol, abraços emprestados que sempre foram devolvidos, a liberdade fundamental.
E aquela menina que chorou as dores de um amor contido, teve nestes textos, uma prece, que foi atendida: continuar sendo garota de coração frágil e espírito bruto.
E cada palavra foi deixando-a mais forte, cheia dela mesma que deixou de ser metade do inteiro que sentia*

*Cuida de Mim, O Teatro Mágico.



quinta-feira, 14 de abril de 2011

. Dois Passageiros



Tinha aquele som de ferro batendo contra ferro, abrindo caminho, assustando crianças e fazendo adultos distraídos se tornarem aquilo que nós sempre seremos nesta vida: passageiros.
Tinha corações feridos, despedidas sem lágrimas, alguns sonhos, outras tristezas. Alguns em movimento, com os lábios cheios de “Com licença, obrigado”. Outros deslumbrados.
Dois pares de olhos se entrecortavam no vaivém dos trens. As mãos nos casacos. Os corações unidos numa batida lenta.
—Quê que eu faço com os pedaços da nossa história?
—Guarda contigo, que eu vou te guardar comigo.
—Vai me escrever no teu coração?
—Sempre e todos os dias.
—Como nós ficaremos?
—Pela metade.
(O trem chegava. Pessoas se amontoavam na porta. Ele entrou só, mas havia mais um passageiro no vagão: o coração dela. Entre eles: Silêncio)
Nara Gonçalves


quarta-feira, 30 de março de 2011

. Uma felicidade



“Quem irá nos proteger, nosso amor é um caso sério”.
Cazuza

Vou me jogar no abismo dos teus olhos e fazer deste dia minha alegria
Vou guardar minhas palavras mais doces para este devaneio
E cuidar muito para que dure por todos os tempos
Que possa sobreviver a todas as ondas do mar.
Perigo meu:
—Fiz de você uma felicidade.
                                                           . Nara